Post de Jones Machado | Relações Públicas, Doutor em Comunicação, Professor Universitário.
Sempre digo três coisas importantes aos meus alunos. Primeiro, saibam sempre explicar sucinta e objetivamente o que um/uma relações-públicas faz. Segundo, dominem o desenvolvimento de ações e estratégias do seu trabalho e tenham senso de humanidade na direção de atender diversos e distintos objetivos por meio de relacionamentos. E, terceiro, tenham sempre em mente porque o/a RP atua nas organizações e junto à sociedade.
1. Somos gestores da comunicação das organizações
Quando falamos em Relações Públicas, logo pensamos em visibilidade midiática de uma organização, marca, produto, ideia, serviço ou personalidade. Tudo isso, graças ao empreendimento de ações e estratégias específicas da área. Porém, somos e fazemos muito mais do que a mera aplicação de métodos e técnicas profissionais que visam ao sucesso de um projeto.
Fazemos relações públicas diariamente, além de darmos visibilidade midiática ao que realizamos. Por experiência própria no mercado e por receber todo ano novos estudantes na Universidade, considero necessário que a profissão seja conhecida pelo seu escolhido. Trata-se de uma questão de identidade, lucidez, pertencimento e valorização, que impacta diretamente no potencial a ser explorado por nós mesmos e em como somos percebidos.
Podem afirmar com segurança para a família, amigos e namorado (a): somos gestores da comunicação das organizações, pensamos e desenvolvemos a comunicação com funcionários, fornecedores e familiares da equipe de trabalho. Também, atuamos por meio da comunicação junto à imprensa, a influenciadores digitais, ao poder público e a parceiros não-governamentais ou de negócio. E, ainda, primamos pelo relacionamento estabelecido por ações de comunicação para mantermos laços fortes e duradouros com clientes, associações, sindicatos e outros públicos.
Nessa atuação, nunca esqueçam de levar sempre em conta o profissionalismo, a ética e de considerar as pessoas na sua diversidade cultural, de gênero, de sexo, de etnia, de idade, de cor, de classe e de origem. E uma máxima que sempre tenho em mente: sejamos autoexplicativos sobre nossa profissão, por meio de uma atuação objetiva, humana, eficiente e eficaz. Sendo assim, não precisaremos requerer atenção dos outros ou lamentar pelo desconhecimento da área por quem não faz parte dela.
2. Desenvolvemos relacionamentos
Não há organização que se sustente sem uma rede de contatos e relacionamentos de qualidade. É uma necessidade vital para curto, médio e longo prazos. Por isso, estabelecemos relacionamentos com outras empresas, com instituições de ensino, com agentes políticos, com o poder público, com a comunidade local, com dirigentes de organizações não-governamentais e muitos outros. Vale lembrar que este intercâmbio precisa ser honesto e leal, objetivando a troca de saberes e a possibilidade de novas parcerias para que desenvolvamos mutuamente soluções e aproveitemos potencialidades (intelectuais, locais, estruturais, etc.) para o bem comum da sociedade para além da sobrevivência organizacional.
Cada vez mais, o mercado contemporâneo requer que trabalhemos em parceria, de forma colaborativa, uma vez que é mais produtivo em questão de resultados e eficiente em termos de investimentos. Note-se que esse relacionamento empreendido é justamente o principal instrumento por meio do qual o relações-públicas realiza seu trabalho diário. Desde o colaborador, passando pelo fornecedor e pela imprensa, até o cliente, todos podem ser nossos parceiros; basta estabelecer um sistema ganha-ganha em que os objetivos de todos sejam contemplados.
3. Transformamos realidades
Talvez, essa compreensão sobre as Relações Públicas é a que mais me representa, me realiza e me orgulha. Estamos inseridos em um contexto sociocultural que não nos permite conceber iniciativas descoladas do macroambiente estabelecido. Pode parecer utópico/ideal, mas acredito que as RPs podem e devem transformar realidades: internas – das organizações, externas – das comunidades em que a organização está inserida, e de modo mais amplo – da sociedade.
Se a empresa ou instituição em que atuamos existe e prospera, devemos acreditar que se pode fazer um pouco mais, retornando a confiança depositada nela para a sociedade. Creio que diminuir as desigualdades sociais, culturais e econômicas também seja um dos nossos papeis. Acredito que devemos, ao mesmo tempo, atender aos objetivos das organizações assessoradas e também contribuir com a sociedade, começando pelos trabalhadores que tornam real aquilo que é entregue.
Pode soar impossível, mas não é. As organizações têm esse potencial, com know-how e recursos para tornar as cidades lugares melhores, possibilitando oportunidades e transformando – cada vez mais – nossos espaços em espaços de igualdade assim como de diversidade de ideias e de pessoas, de diálogo, de respeito e de tolerância. E isso tudo começa dentro da organização, com um ambiente salubre, com local adequado para descanso e almoço, e ausência de assédio, discriminação e riscos à saúde física, por exemplo. É nosso dever perceber e viabilizar essas transformações junto aos gestores de outras áreas, a fim de manter o bem-estar de todos e todas.
Para finalizar minha contribuição às Relações Públicas e para que a realidade continue numa direção evolutiva, que beneficie a todos e todas e oxigene cada vez mais as estruturas vigentes enrijecidas por preconceitos, por “nós-sempre-fizemos-assim” e por estereótipos: sejamos ativos frente a qualquer adversidade que não nos permita pensar, realizar e transformar!